Cinco características que atrapalham a busca de trabalho

O Brasil está enfrentando uma crise profunda, que reflete no mercado de trabalho e acentua qualquer processo seletivo.  É nessa hora que as principais deficiências aparecem, afinal são aquelas que justamente os recrutadores mais buscam identificar nos candidatos.

Elas são:

Superficialidade

O fácil acesso pelos smartphones e notebook tem transformado a forma como as pessoas lidam com informações, fazendo com que todos absorvam apenas fragmentos de dados, deixando o eventual aprofundamento para quando “houver necessidade”.

Essa atitude deixa o repertório pessoal mais frágil e com informações fragmentadas, expondo uma deficiência na hora da entrevista, quando o selecionador apresenta alguma questão mais específica.

Falta de foco

A filosofia de “trabalhar apenas no que gosta” está muito presente nos candidatos e o selecionador sabe disso, então busca questionar os objetivos do candidato. Contudo, grande parte dos candidatos não tem muito claro seus próprios objetivos pessoais e demonstram novamente fraqueza quando respondem com frases “prontas” ou extraídas de “posts” nas redes sociais.

Resiliência

O cenário atual é de intensas mudanças e o recrutador busca identificar candidatos que melhor possam se adaptar ou mesmo propor transformações. Muitos candidatos, talvez buscando “passar segurança”, demonstram na entrevista pouca disposição para aceitar propostas mais abertas e focadas em possibilidades. Eles normalmente questionam o recrutador sobre a vaga e todos os benefícios decorrentes dela, como se estivessem “assinando um contrato de compromisso da empresa” . Nada errado nisso, mas para o recrutador passa a percepção de que o candidato não está muito flexível às possibilidades.

Coerência

Muitos candidatos se apresentam com discursos perfeitos, respostas extremamente estudadas, currículo impecável e palavras que o mostram como um incrível profissional. Contudo, a quantidade de profissionais que já decepcionaram depois de contratado é tão significativa que atualmente os recrutadores se valem de informações em redes sociais, onde muitos aspectos pessoais são publicados como hobbys, rede de amigos, interesses e até posicionamentos políticos podem identificar o tamanho do “gap” entre o discurso e a prática do candidato.

Qualificação técnica

No Brasil essa realidade já é histórica e apesar de saber que a empresa terá que “complementar” a qualificação de seu funcionário, os recrutadores ampliam cada vez mais o leque de exigências na hora de selecionar um candidato. Nessa questão é absolutamente presente a exigência do idioma, principalmente o inglês. Um fato relevante atualmente é que, diferente das últimas duas décadas, a busca agora é pelo profissional especialista e não mais generalista. Mas essa é uma tendências que sempre oscilou de acordo com a necessidade do mercado.

Essas expectativas certamente podem ser superadas no momento em que o candidato percebe que o mercado é muito mais complexo e por isso precisa assumir uma atitude diferente se quiser alcançar uma boa posição profissional.

A atitude tem que ser muito mais focada e determinada, lembrando que “Fazer o que gosta” é muito bom, mas não é o principal.

“A conclusão que as pessoas têm é que se você fizer o que ama, você vai ser bem sucedido. E isso pode ser verdade, mas também pode ser que, caso você seja bem sucedido, você amará o que você faz. Afinal, você apenas ama ser bem sucedido.” — Ben Horowithz

Artigo de Sidnei Oliveira, publicado em seu blog homônimo na Exame.com.

Sobre o autor:

*Sidnei Oliveira é escritor, palestrante, mentor e consultor, especialista em conflitos de gerações e desenvolvimento de jovens talentos. É autor de livros sobre liderança e Geração Y, sócio fundador da Sidnei Oliveira & Associados, VP do Instituto Atlantis de preservação ambiental, presidente da Escola de Mentores e idealizador do Café Insights em parceria com o consultor Eduardo Carmello.

  • Ilustração desenvolvida por Freepik.