Dois pesos e duas medidas do RH: para não resultar em turnover, juniorização precisa de suporte eficaz oferecido pelas divisões de T&D e DHO

Oportunidades para o profissional de RH nos tempos de hoje

Nesses tempos “interessantes”, como diriam os chineses, os desafios e as oportunidades para o profissional de RH vêm mudando de natureza, especificamente no que se refere ao desenvolvimento e retenção de novos líderes.

Muitas empresas, em nome da eficiência e corte de despesas, reduzem os quadros, aproveitando a oportunidade para simplificar níveis de gestão. Demitem  lideranças mais experientes e que, por conta do seu valor, recebem remuneração mais elevada. Para ocupar as posições que se abrem, novos líderes são promovidos ou contratados, só que com menor experiência e salário. Este é o fenômeno tão propagado da “juniorização” dos quadros. Ruim para quem sai, oportunidade para quem entra ou quem é promovido.

Ao assumir responsabilidades sem estar totalmente preparado, o novo líder descobre que precisa rapidamente desenvolver-se na posição, como condição essencial para conseguir atingir um bom resultado por meio de sua equipe. Ao colocar o novo líder em uma cadeira que é maior do que ele, a empresa corre riscos de sofrer um impacto direto nos resultados: queda nos indicadores de qualidade, retrabalho, clientes mal atendidos ou insatisfeitos, equipes desmotivadas e até aumento do turnover.

Pelo que tenho conversado com headhunters notei que, embora predomine em tempos de crise a “troca de cadeiras”, aumenta a oferta de posições para profissionais que atuam com remuneração, DHO (Desenvolvimento Humano e Organizacional) e de T&D (Treinamento e Desenvolvimento). O profissional de RH, da área de remuneração, será desafiado a contribuir com a revisão dos pacotes de salário fixo e variável, em função de fortes mudanças de quadro ou substituições, para garantir um contrato de trabalho justo e atualizado com o mercado.

A área de RH da sua empresa está preparada para capacitar os líderes “verdes”?

O profissional de DHO e T&D se destaca por conta de sua importante contribuição para acelerar o desenvolvimento dos líderes “verdes”, menos experientes. Cabe a esse especialista aproveitar o momento para criar e oferecer módulos de aprendizado voltados ao desenvolvimento de competências como:

• Saber o momento certo de delegar;

• Como fazer um feedback efetivo;

• Como selecionar as pessoas certas para a posição e com cultural fit;

• Como engajar as equipes em tempos difíceis.

Ainda que a experiência não se adquira em um estalar de dedos, o aprendizado adequado fará com que o processo de desenvolvimento ganhe velocidade e minimize as consequências negativas já citadas.

As empresas que mais rapidamente conseguirem acelerar o desenvolvimento dos seus novos líderes são as que sairão fortalecidas da crise.

Sobre o autor

*Dante MantovaniCoach Certificado e Consultor de Educação Corporativa, AssessmentChange and Conflict Management, Desenvolvimento de Lideranças e Desenvolvimento Organizacional. Facilitador certificado no programa de Liderança Situacional II® – LS II ® da The Ken Blanchard Companies e Certificado em DISC pela Success Tools e SDI para gestão de conflitos.

Atuou como executivo nas áreas de Procurement, Gestão de Projetos, Desenvolvimento Humano e Organizacional e Gestão de Unidade de Negócios. Docente dos cursos de Pós-Graduação da FIAFGV e BSP.

MBA pela Boston College (EUA), engenheiro pela POLI-USP e psicólogo. Pós-Graduado em Educação no Ensino Superior e fluente em inglês. Mestrando na FEA-USP.

* Imagem criada por Freepik.