Da escolha da profissão às transições da carreira: a trajetória profissional é feita de fases, como explico na história que vou contar para vocês

Transição de carreira: Uma palestra e uma história

No final da última sexta-feira, após a reunião que fazemos todas as semanas com o CEO e os consultores da Lens & Minarelli, eu e o Gustavo descemos juntos no elevador. Ele aproveitou os 30 segundos que tínhamos a disposição para perguntar se eu gostaria de escrever um artigo sobre a minha experiência como consultora de Outplacement e Transição de Carreira. Gostei da proposta e senti-me ansiosa para decidir sobre o que escrever. Aproveitei o trânsito de São Paulo para pensar em um momento especial dessa fase da minha carreira.

– Fase, por que fase?

Sim, uma carreira é feita de fases e vou explicar porquê nesta história que vou contar para você.

Há mais ou menos quatro anos, fui convidada para participar de um evento para alunos que estavam finalizando o Ensino Médio. O colégio convidou profissionais de vários setores para que relatassem como escolheram a sua profissão e como foi a evolução da carreira. Quando fui chamada ao palco, pedi que prestassem muita atenção e comecei:

“Meu nome é Leni Balaban, sou psicóloga formada pela PUC de São Paulo. Escolhi minha profissão, pois sempre me interessei pelo comportamento humano e tinha como objetivo ajudar pessoas a se conhecerem melhor e superarem problemas, traumas… Portanto, a primeira fase da minha carreira foi dedicada à clinica, como psicoterapeuta. Durante uma festa em que eu e minha turma da faculdade comemorávamos 15 anos de formatura, recebi um convite inédito: participar de um processo seletivo para atuar como consultora de assessment center. Nunca havia pensado em me envolver  com  as organizações, mas desde o primeiro trabalho fiquei fascinada pelo processo, pela possibilidade de usar essa ferramenta para desenvolver pessoas e com a oportunidade que tive de desenvolver habilidades e competências que eram para mim, até então, desconhecidas. Essa foi a segunda fase da carreira. A terceira é a atual, onde as duas experiências anteriores, clínica e assessment, se integraram e possibilitaram o exercício de consultoria de outplacement e transição de carreira na Lens & Minarelli”.

Nesse momento parei e pedi que a plateia se pronunciasse. Solicitei a eles que falassem o que tinham entendido sobre minha apresentação. Fiquei satisfeita com as observações pertinentes dos estudantes e também, com a surpresa deles ao perceberem que a carreira não é estática, mas ao contrário, muito dinâmica. Ficou claro para eles como as experiências profissionais se interpõem, fundem e possibilitam novas vivências e descobertas, muitas vezes em setores ou funções que nunca havíamos pensado em realizar.

Seguindo com a minha exposição, abordei a questão da escolha da carreira e ressaltei que não é apenas quando somos jovens que questionamos nossas habilidades, vocações e inseguranças quanto à opção profissional. Expliquei a eles que, no trabalho que desenvolvo com executivos que foram desligados das empresas, sempre me defronto com profissionais que depois de muitos anos de carreira em uma corporação, precisam rever seus talentos para desenvolver outras atividades e não mais aquelas às quais estão acostumados, pois há um prazo de validade dentro das corporações. As profissões também envelhecem e, por isso, temos que estar sempre correndo atrás do novo.

Nesse momento, se fez um profundo silêncio no auditório e percebi que um dos outros convidados da escola estava emocionado, olhando para mim e ouvindo com muito interesse.

Prossegui falando sobre como optar por uma profissão aos dezessete ou dezoito anos de idade não é uma tarefa fácil! Ou somos muito idealistas, ou nos deixamos levar pelo modismo e glamour de certas profissões, ou ainda, somos muito influenciados pela família, que despeja sobre nós todas as suas expectativas ou frustrações. Por diversas vezes, precisamos começar a trabalhar muito cedo, para prover nosso sustento ou ajudar no orçamento familiar, e acabamos desenvolvendo uma profissão, não por escolha, mas por necessidade. Por exemplo: sem se dar conta, o indivíduo que iniciou como auxiliar de escritório tornou-se um executivo da área financeira, mas quando perguntamos sobre seu sonho, ele queria mesmo é ser engenheiro…

Lembro-me bem de um amigo, que se formou em engenharia para agradar o pai. Assim que ele recebeu o diploma, de uma das mais renomadas faculdades de engenharia do país, ele entregou o diploma ao pai e disse: “pai, missão cumprida, agora eu vou fazer o que eu realmente desejo, já me matriculei para o vestibular de medicina”.

Outro caso, que ilustra bem como uma carreira se desenvolve em fases, é o exemplo do que aconteceu com meu filho. Ele sempre falou que desejava ser médico infectologista, vontade que ficou ainda mais evidente por ocasião da epidemia de Ebola que assolava o continente africano na década de 90 e o deixou muito impressionado.

Entretanto, quando minha prima o levou para um plantão na Santa Casa, onde ela era médica residente, ele desistiu. O tempo passou e, ainda no colégio, ele dedicou-se às artes cênicas. A possibilidade dele seguir carreira de ator deixou-me preocupada, e quando ele anunciou que se inscreveria na ECA para fazer o vestibular conversei com ele para saber se estava seguro dessa opção. Aconselhei-o a falar com pessoas ligadas ao teatro, cinema e televisão para conhecer melhor o que a escolha exigiria dele. No fim, ele não gostou do que ouviu e passou a pensar em outros interesses e habilidades, que o levaram à faculdade de Direito. Hoje, ele está realizado com a profissão, afinal um bom advogado precisa de algumas das habilidades de um bom ator!

Ao contar estas histórias, minha intenção era fazer com que esses estudantes percebessem que são diversas as motivações para escolher uma profissão e que essa escolha precisa ser feita com muita seriedade.

Abri espaço para perguntas e quando terminei passei o microfone para o próximo convidado da escola. Ele falou: “Leni, fiquei profundamente emocionado com sua exposição e quero dizer para esses estudantes que eu sou um destes executivos que você citou e que passou pela Lens & Minarelli. Quando fui demitido da empresa, entrei em depressão, achei que não havia luz no final do túnel, mas o trabalho de Outplacement® que vocês desenvolvem abriu para mim novas oportunidades. Hoje, com o apoio de vocês, abri meu próprio negócio no segmento da construção civil. E continuou: Agora, vou contar para vocês, porque escolhi a engenharia como profissão…”

Sobre a autora:

Leni Balaban é consultora de outplacement e transição de carreira na Lens & Minarelli. Com experiência em desenvolvimento de carreiras, talent assessment centers e apoio a executivos C-level nos programas de gestão e transição das suas carreiras. Graduada em Psicologia pela PUC-SP, também possui especialidade clínica e em Gestão por Competências (Unicamp). Possui certificações internacionais como Coach de Transição de Carreira (CPI – Career Transition Consultant) e em Programas de Preparação para aposentadoria (CPI – New Horizons).