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Valor Econômico – Riscos de embarcar em um curso longo


Por Letícia Arcoverde
02 Fev 2017, 05h00
artigo: É preciso avaliar riscos de embarcar em um curso longo.

Para profissionais em busca de qualificação, a escolha pelo programa acadêmico deve envolver a certeza dessa ser a hora certa de investir em uma atualização de carreira. Especialistas na área dizem que é preciso explorar opções e não encarar o MBA como único caminho possível, especialmente no caso de quem está desempregado.

Maria Candida Baumer, da consultoria de transição de carreira People & Results, recomenda que o profissional só considere se dedicar a um curso tão longo quanto o MBA se estiver sem atualização acadêmica há pelo menos seis anos.

“O profissional precisa olhar para onde a carreira dele está indo e identificar a grande lacuna que ele tem”, diz. Na sua opinião, quem acabou de fazer um curso, mesmo de curta duração, que o deixou atualizado, também deveria explorar outras opções antes de decidir por um MBA.

Consultores recomendam ouvir a opinião de pares, superiores e profissionais da área do programa, bem como ir atrás do contato de ex alunos do curso sendo considerado. “Tudo isso traz visões complementares”, diz Maria Candida. Mesmo com cada vez menos empresas patrocinando profissionais em programas, a consultora diz ser importante compartilhar com os superiores a intenção de fazer o programa. “Mostra que você está interessado na opinião da empresa, mas que você não está sentado esperando que ela te desenvolva”, diz.

No caso de quem busca recolocação, José Augusto Minarelli, da empresa de outplacement Lens & Minarelli, destaca a importância de atentar para as avaliações no último emprego. “Todo contato com a chefia tem críticas, sugestões e recomendações”, diz. Coordenadores de escolas de negócios apontam que mais profissionais que perderam o emprego aproveitam para se atualizar, mas consultores alertam que apostar em programas longos e caros pode ser um investimento alto demais.

“Essa pergunta é recorrente”, diz Minarelli. “As pessoas perguntam se é hora de fazer o MBA, se aumenta a chance de recolocação. Na maior parte das vezes, não é a hora. A pessoa deve usar o tempo pra fazer atualizações pontuais e se dedicar preferencialmente à procura do emprego”, diz. Até porque, diz ele, o mercado está repleto de profissionais que já têm MBA completo buscando recolocação.

Com a intenção de ajudar profissionais em busca de recolocação que não tenham condições de investir em um curso, a Fundação Instituto de Administração (FIA) possui um programa gratuito de 252 horas, em São Paulo, voltado para executivos desempregados há pelo menos quatro meses. Segundo Almir Ferreira de Sousa, coordenador do curso, a procura tem sido grande. No ano passado, foram 365 candidatos em busca de uma vaga na turma de 35 alunos. A seleção é feita por meio de provas e entrevistas, e as inscrições se encerram em 6 de fevereiro.