Ter a capacidade de perceber oportunidades, prover soluções e acompanhar a evolução da demanda é o que define a Inteligência Mercadológica
Na Lens & Minarelli, ao longo de mais de 35 anos como especialistas em Outplacement® e conselheiros de carreira, já acompanhamos mais de 5.000 executivos em transição de carreira após a perda do emprego. Na direção dessa empresa e presenciando a evolução do mercado de trabalho, já ouvi muitos prognósticos e preocupações a respeito do fim do emprego. Em minha opinião, essa tendência deve ser vista e interpretada com mais serenidade e menos alarde. O que eu pude constatar ao longo desses anos acompanhando as mudanças no mercado de trabalho são os seguintes fenômenos:
1. Reorganização dos processos de produção de bens e prestação de serviços nas empresas, motivada pelas alterações na sociedade, reorganização e globalização da economia;
2. Aumento e banalização das demissões de profissionais considerados inadequados ou desnecessários;
3. Redução do número de empregos formais e aparecimento de novas formas de trabalho;
4. Mudanças nas relações de trabalho e diminuição do tempo de permanência dos profissionais nas empresas;
5. Transferência da responsabilidade de cuidar da carreira do empregador para o profissional prestador de serviço;
6. Novas exigências dos empregadores quanto ao perfil, à atitude, ao desempenho e à disposição do profissional para atuar como provedor de serviços e soluções;
7. Despreparo dos profissionais para atuarem de acordo com as novas expectativas e regras do mercado de trabalho;
8. Dificuldade e demora na recolocação profissional, obrigando profissionais mais seniores e mais experientes a procurar trabalho por conta própria.
O emprego não vai acabar, ele está em transformação:
Escrevo este artigo para as pessoas que acreditam que não há vida sem emprego. O emprego não vai acabar, ele está em transformação. Nessa transformação, estamos vendo, aos poucos, a redução das ocupações nos formatos que estamos acostumados e uma expansão nas oportunidades de emprego em outros formatos de trabalho.
Assessorando profissionais mais seniores, no meio ou na maturidade da carreira, que nasceram e cresceram com o “software mental do emprego tradicional”, constatei que a maior parte desses profissionais, quando são demitidos e passam por uma transição, querem um emprego igual e no mesmo segmento onde atuavam. Isso, porque acham que assim será mais fácil, mais rápido e mais confortável. No entanto, o que encontram no mercado de trabalho são propostas diferentes daquelas com que estavam acostumados.
Por isso, estruturei um modelo didático, que aplica conceitos de marketing na gestão da carreira e complementa os seis pilares da empregabilidade que detalhei para vocês nos meus últimos artigos. Esse modelo foi objeto do último livro – de mesmo nome – que escrevi e enfatiza a importância de todo profissional aumentar o seu Quociente de Inteligência Mercadológica (Q.I.M.) para acompanhar as transformações do mercado de trabalho.
O que é inteligência mercadológica?
Defino a Inteligência Mercadológica como a capacidade de perceber oportunidades, desenvolver bens e serviços, assim como vendê-los, visando prover soluções que acompanham a evolução da demanda.
Fig 1. – Inteligência Mercadológica – Ciclo Mercadológico
Inteligência Mercadológica é a capacidade de perceber e interpretar as necessidades das pessoas e das organizações. Permite ao profissional criar serviços e produtos adequados, bem como interagir com outros indivíduos visando promover conhecimento, interesse e desejos que levam à troca entre quem tem e quem precisa dos seus serviços, gerando, consequentemente, trabalho e remuneração.
Quem tem Inteligência Mercadológica mais desenvolvida tem a capacidade de gerar trabalho e remuneração graças à mentalidade de prestador de serviços.
Em geral, o profissional que possui Inteligência Mercadológica consegue aglutinar outras pessoas que não a têm – ou pelo menos não no mesmo nível – gerando trabalho ou subcontratos, para si ou para outras pessoas. A liderança dos projetos e dos serviços fica com esse profissional, que possui espírito empreendedor, que gera ou descobre oportunidades, que cria seu espaço e sua marca no mercado e estabelece vínculos com os compradores do seu serviço.
A Inteligência Mercadológica também está fortemente associada ao ato de vender, que considero uma tarefa nobre, a despeito do sentimento hostil que existe sobre esta atividade e que está presente na nossa cultura. Para mim, vender é ajudar o próximo a resolver o problema dele com aquilo que você tem ou é capaz de fazer.
Pensando dessa forma você estabelecerá uma relação colaborativa com as outras pessoas, o que proporcionará benefícios mútuos, satisfação de necessidades, alívio e bem-estar. Gerando, como consequência, o pagamento merecido.
O mundo mudou. As empresas, hoje, contratam profissionais quando precisam, avaliam o resultado com maior periodicidade e trocam com mais frequência as suas estratégias, os seus projetos e as suas equipes. Aquele “software mental antigo” não atende mais a dinâmica das organizações e com isso, há necessidade de altera-lo.
Uma das nossa missões, na Lens & Minarelli, tem sido ajudar os profissionais a compreenderem essa demanda e mostrar que eles são capazes de aprender a prestar serviço. É um cenário novo, mas que não surgiu de uma hora para outra. Ele vem sendo construído há anos e especialmente agora vem sendo interpretado equivocadamente como uma revolução.
Nesse cenário, é preciso entender que continua sendo importante ter trabalho e remuneração, mas não necessariamente no formato clássico de emprego, e que isso traz uma demanda nova para todos os profissionais. Que precisam descobrir necessidades, ir atrás de oportunidades e gerar o contrato de trabalho. Que irá durar algum período – meses, talvez alguns anos – mas que não irá durar a vida inteira.
Entre os jovens, esse cenário é diferente. Eles já chegam ao mercado de trabalho com outro espírito, não acreditam tanto no modelo tradicional, nascem digitais, sabem que ESTÃO em uma organização prestando serviços e que NÃO SÃO das organizações. A própria troca do verbo “SER” por “ESTAR” demonstra uma evolução desse “software mental”, do emprego para prestação de serviço, do emprego para o trabalho. Mas mesmo assim há alguns princípios da Inteligência Mercadológica que podem e devem ser desenvolvidos. Devo escrever mais sobre isso em um outro artigo.
Sendo assim, tenho difundido que o que irá fazer diferença para as gerações que estão no mercado de trabalho agora ou para as próximas gerações – X, Y, Z – ou qualquer outra – é a Inteligência Mercadológica. Esse tipo de inteligência possibilita às pessoas terem um olhar diferente para esse lugar onde se descobre trabalho e renda, que é o mercado de trabalho.
O Ciclo de Inteligência Mercadológica:
Desenvolvendo essa visão, aprende-se que o mercado é um lugar de troca e que a troca ocorre por meio de encontros e diálogos intencionais para mostrar o valor de quem presta serviço, da sua capacidade de pesquisar oportunidades e resolver os problemas dos outros. Esse diálogo também inclui a negociação para oportunidades do presente ou do futuro.
Ao adotar o “software mental, versão 2017”, você terá um olhar diferente para pesquisar oportunidades e irá utilizar sua bagagem de conhecimentos e habilidades técnicas para o desenvolvimento de serviços adequados à demanda que identificou em suas pesquisas.
A pesquisa de mercado – feita pelo profissional que tem olhar mercadológico – possibilita identificar novas necessidades, tendências e modificar o serviço ou o jeito de presta-lo. A atualização da sua oferta será decorrência do constante acompanhamento das demandas e das necessidades percebidas.
Outra etapa do Ciclo de Inteligência Mercadológica é a divulgação das soluções e está relacionada com a habilidade de comunicação. Como eu escrevi no artigo anterior, você precisa ser conhecido e lembrado pela marca que tem. Clientes compram de quem conhecem ou se lembram com simpatia e confiança. Isso é construído com marketing pessoal e relacionamento que é a forma mais usual de contratar ou vender serviços.
O passo seguinte do Ciclo de Inteligência Mercadológica está relacionado à superação do preconceito sobre a atividade de venda, porque não adianta você ser conhecido se não souber vender. E vender requer uma mudança do pensamento e da cultura que nos castrou, que nos empurrou para sermos empregados, dependendo do governo, do patrão, do chefe e da organização.
Tenho tratado a venda como atividade imprescindível para qualquer profissional em qualquer modelo de negócio.
Você pode ser competente, simpático, empático, desenvolver uma solução que ajuda a outra pessoa, saber explicar o que faz e como faz, mas para vender é necessário fazer a pergunta indutora: “Você quer comprar”? Muitos não fazem essa pergunta por vergonha, constrangimento, medo de receber um não como resposta ou receio de invadir a privacidade alheia. Experimente faze-la!
Completando o ciclo, além de vender, você precisa entregar, verificar a satisfação com a entrega e identificar novas necessidades. Fazendo girar a roda do processo mercadológico.
Para finalizar, quero expressar algo que constato e no qual acredito:
• Há muita vida fora das grandes empresas;
• Há muito trabalho fora do emprego;
• Há muitas oportunidades para jovens e maduros que adotam esse jeito diferente de olhar, pensar e agir;
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Um abraço
José Augusto Minarelli
minarelli@lensminarelli.com.br