O pior já passou, e o País está entrando num novo período de crescimento que, embora ainda modesto, deve se acelerar em 2018

A economia brasileira está voltando a crescer. E agora?

A economia brasileira está voltando a crescer. Ela viveu um dos piores  momentos de sua história no triênio 2014/16:  queda de renda per capita de 10%, explosão do desemprego, e forte retração de vendas que para alguns segmentos (e empresas) atingiu 60%. Esse quadro se reverteu, o pior já passou, e o País está entrando num novo período de crescimento que, embora ainda modesto neste ano, deve se acelerar em 2018.

Empresas e executivos precisam estar preparados para essa nova fase de expansão da economia, lembrando que o grau de concorrência nos mais variados mercados acirrou-se em função da própria recessão e da entrada de novos concorrentes tanto internos como externos. Neste contexto mesmo com a retomada do nível de atividade, é uma ilusão imaginar que se pode “relaxar” na gestão das empresas. Ao contrário, os desafios de aumento contínuo de eficiência permanecem cada vez mais presentes. Para vencer em mercados altamente concorrenciais será necessário gerar cada vez mais resultados com menos recursos.

Leia também: Recessão, Concorrência e Mudanças no Mercado de Trabalho – Mudanças no mercado de trabalho: O que acontece com a concorrência e com o mercado de trabalho em períodos de contração da atividade econômica?

É importante observar que as mutações dos mercados são contínuas, seja em períodos de recessão ou de crescimento. Mercados tidos como promissores para empresas já estabelecidas tornam-se turbulentos em curto espaço de tempo, graças à entrada de novos players em condições competitivas desafiadoras. E esse é apenas um exemplo. Na nova conjuntura, ganhar eficiência será uma questão de vida ou morte, o que vai continuar impondo pressão crescente no cotidiano executivo.  Quem gere o negócio precisa reduzir custos, ganhar produtividade e, com equipes cada vez mais enxutas, obter resultados expressivos e, de preferência, progressivamente melhores. Não é uma tarefa fácil.

Desafios profissionais diante das
transformações estruturais do país:

Ao longo dos últimos anos, o país passou (e continua passando) por transformações estruturais significativas. A visão de que qualquer aumento de custos possa ser repassado ao preço final do produto está superada há muito tempo, diante da acirrada competição, local e global. Isso explica a necessidade ferrenha de aumentar a produtividade e diminuir custos, lançando mão até mesmo de relações de trabalho mais flexíveis. É nessa seara que ganham força iniciativas como contratação por tarefa (job), prestação de serviços como pessoa jurídica e, quando ainda persiste o vínculo empregatício formal, ganha ênfase a política de remuneração variável. No caso, a parcela atrelada aos resultados ganha expressão cada vez maior sobre a fixa.  O que se observa, na realidade, é que o executivo passa a fazer parte do risco,  na medida em que sua remuneração fica vinculada aos resultados.

Os desafios aos executivos ainda se acentuaram nos anos recentes na media em que muitas empresas no Brasil voltaram-se à exportação, como estratégia para superar a forte queda de vendas internas. E para serem competitivas no mercado internacional, as empresas aqui instaladas precisam superar o elevado custo da infraestrutura brasileira (transportes, armazenagem, portos, etc.). Nesse contexto, não há dúvidas de que a vida do executivo continuará muito pressionada. Às idiossincrasias internas se juntam os aspectos estruturais externos. O mundo aberto, concorrencial, é uma guerra e a luta feroz acaba batendo na trincheira dos executivos.

A crescente concorrência torna incompatível o binômio custo rígido/preço flexível. Isso explica a acentuada flexibilização do mercado de trabalho, onde a carteira assinada abre espaço para contratos de prestação de serviços de pessoa jurídica. O pano de fundo é o temor das organizações quanto ao futuro, uma vez que há a percepção de que a própria perenidade está na berlinda.

Ou se flexibiliza ou morre: é esse o mote em vigor para empresas e profissionais. No mercado executivo, as relações de trabalho já ficaram menos rígidas e a tendência, a despeito de possíveis resistências, continuará seguindo esse percurso.

Sobre o autor:

Antonio Evaristo Teixeira Lanzana é Consultor Financeiro e de Negócios na Lens & Minarelli, ex-Consultor do BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento. É professor do Departamento de Economia da USP, Fundação Dom Cabral, coordenador e professor dos Programas de MBA da FIPE/USP.

É presidente do Conselho de Estudos da Conjuntura da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio), membro do Comitê de Avaliação de Conjuntura da Associação Comercial de São Paulo (Acesp) e foi economista-chefe, assessor econômico da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).