Voluntariado e responsabilidade social enobrecem os relacionamentos pessoais e são diferenciais na trajetória profissional

Voluntariado como passo importante para o desenvolvimento pessoal e profissional

A década de 80 marcou a redução das hierarquias e a horizontalidade dos organogramas, diminuindo o número de vagas e a competitividade tanto interna quanto externa. Ocorreram mudanças nas crenças e valores que caracterizam a individualidade e os ambientes organizacionais. A convivência em grupo deixou mais evidente os interesses e conflitos, em função das caraterísticas próprias de cada pessoa. Surgiu então o papel necessário do líder, que tem como missão minimizar conflitos e propiciar ambientes produtivos e agradáveis de convivência e trabalho. Fatores comportamentais como comunicação afetiva e colaborativa, proatividade e flexibilidade passaram a ser características importantes na identificação de diferenciais competitivos, como o voluntariado, para promover e selecionar profissionais.

O voluntariado passou a ser estimulado interna e externamente, sempre relacionado à filosofia empresarial – missão, visão e valores. A condução de negócios com objetivo exclusivo do lucro deixou de ser fator principal no cenário corporativo e na economia mundial. A receita continua sendo a busca das organizações e de seus executivos, para a sobrevivência empresarial e da sociedade. Em contrapartida, a ética e a responsabilidade social estão sendo fatores de atenção nas competências das organizações e também dos profissionais, valorizando-os não apenas como uma força de trabalho, mas como integrante ativo na sociedade que se preocupa com o bem-estar comum.

Sempre fiz questão de participar de trabalhos voluntários durante minha vida. Atuei como executiva em grupos multinacionais que apoiaram e incentivaram minhas iniciativas. Essas ações eram focadas na prestação de serviços à comunidade, como, por exemplo: o projeto “Mural Local”, que promovia a revitalização e o resgate da história de espaços urbanos danificados na cidade de São Paulo; No “Viva Verde”, que auxiliou jovens em situação de risco em entidades de recuperação,  organizei diversas reuniões nas associações de bairro para preservar e revitalizar espaços públicos, dentre outras atividades. Atuei também como voluntária em todas as entidades de classe relacionadas à minha atividade profissional, ministrando palestras, divulgando ações e elaborando planejamentos para endossar os projetos, agregando valor às instituições.

Estou certa que minha trajetória profissional, e obviamente pessoal, foi valorizada com essas ações de voluntariado. Participar ativamente dessa causa abriu muitas portas, tanto no meio privado quanto governamental, por transcender a obrigação executiva, abraçando as dificuldades sociais como se fossem minhas, e de fato elas são. Após cessar minha atividade como executiva, recebi convites e indicações para trabalhos de curto e longo prazo, o que corroborou para a formação da agência que dirijo atualmente. Clientes e parceiros de confiança podem contar hoje com a nossa experiência em atuação estratégica integrada, sem perder o foco no negócio e, claro, sempre reforçando ou ampliando a nossa atuação humana e voluntária e de nossos clientes para contribuir com a sociedade.

Em nosso país, o trabalho voluntário é uma atividade estipulada em lei e é comemorada no dia 28 de agosto, o Dia Nacional do Voluntariado, definida pela Lei nº 7.352, de 1985. O Instituto Datafolha realizou uma pesquisa em dezembro de 2014, encomendada pela Fundação Itaú Social, na qual foi apontado que 28% das pessoas já participaram de algum tipo de trabalho voluntário e que 11% continuam atuando nesse tipo de iniciativa. Esses números devem crescer, seguindo a tendência mundial de conscientização da importância dessas iniciativas.

Posso garantir que atuar com a vontade de mudar a história e melhorar a condição de pessoas, contribuindo com pequenas ações que nos dignificam, dá um sentido especial a nossa vida, tanto pessoal quanto profissional, e é um instrumento fundamental para agregar valor à carreira.  Antes mesmo da sua remuneração ou das suas competências profissionais, você é alguém que se doa e faz a diferença. E o voluntariado é uma ótima via para alcançar e integrar essa perspectiva. Concomitantemente, essa virtude é necessária nas empresas no mundo competitivo, onde apenas alguns se destacam.

Ter interesses que transcendem a carreira e a aquisição de valores materiais, buscando sentido e propósito para uma vida plena e realizada é, com toda a certeza, um caminho certo para o equilíbrio e paz interna.

Sobre a autora:

Nancy Assad – É jornalista, pós-graduada em Marketing pela FGV, especialista em Comunicação Estratégica e sócia-fundadora da NA Comunicação e Marketing. É autora dos livros: “Media Training – Comunicação Eficaz com a Imprensa e a Sociedade”, da Editora Gente, “As Cinco Fases da Comunicação para Gestão de Mudanças – Como aplicar Conhecimento na Sustentabilidade Corporativa”, da Editora Saraiva, “Liderança Eficaz – Como Vencer Desafios Utilizando Comunicação Estratégica, Negociação e Ética”, da Editora Publit e “Marketing de Conteúdo – Como Fazer Sua Empresa Decolar no Meio Digital”, da editora Atlas. É palestrante e professora de Comunicação e Ética em cursos de pós-graduação.