Blog | Distribuir cartão de visita não é fazer networking

Para melhorar o seu networking não se esqueça do principal: do olho no olho e do convívio em rede

Quando você sai de casa, automaticamente coloca no bolso a sua carteira com RG, Cartão de Crédito, CNH e, ainda, o celular. Mas, é bastante provável que  deixe de colocar nela os seus cartões de visita, que poderão ser necessários em qualquer hora e lugar.

O cartão de visita ainda é a melhor forma de facilitar e aumentar as chances de ser lembrado quando alguém precisar de um profissional como você. Entretanto, não basta apenas distribui-lo sem que tenha havido uma boa conversa. Falo isso em pelo menos dois dos meus livros: “SuperDicas de Networking para sua vida pessoal e profissional” e “Networking – Como utilizar a rede de relacionamentos na busca de emprego e de oportunidades de trabalho”

Quando precisamos de alguém para nos ajudar, há dois lugares onde vamos procurar: na memória e no coração. Digo isso para lembrá-lo que não se cultiva uma rede de relacionamentos apenas distribuindo o seu cartão de visita. É necessário que se tenha bom senso ao distribui-lo, que se valorize a conversa olho no olho e que, com técnica e habilidade, se crie o momento adequado para trocar informações profissionais e esses cartões.

Conhecimento e confiança andam juntos e são obtidos no contato pessoal. A gente sempre se lembra de quem conhece e confia ou de quem é indicado por quem conhecemos e confiamos. Se bem usado, o cartão de visita é útil para você e para quem o recebe. Muito mais que um pedaço de papel, é a materialização da “chave de acesso” para um universo de conhecimento, habilidades e relacionamentos até então desconhecidos.

Para que isso aconteça, a troca do cartão de visita deve vir em decorrência de um diálogo. Uma prosa que gere interesse, simpatia e confiança entre você e a pessoa que está conhecendo. Que motivará a continuidade do relacionamento e a manutenção do vínculo entre vocês.

O networking autêntico consiste em adotar uma atitude que valoriza as pessoas que você tem oportunidade de conhecer. Não é um procedimento interesseiro, mas sim interessado. Não é genuíno, por exemplo, aproximar-se somente de pessoas ricas, poderosas e influentes. Porém, também não é razoável aproximar-se de todo mundo com o objetivo de ter o contato do maior número de pessoas ou de colecionar cartões.

Networking é convivência, que nas cidades pequenas, nos bairros e nos seus clubes era uma coisa natural e que com o tempo perdeu seu real significado, que é a essência da vida em comunidade. Por isso passei a usar também o termo netliving, e sempre insisto muito nessa sua característica: networking diz respeito aos aspectos da vida e da carreira.

Uma pessoa educada pratica o networking de uma forma elegante, civilizada e respeitosa. Ao exercitá-lo, ela usa de habilidade para reconhecer o momento certo de falar e ouvir. Alguns perguntam mais do que falam e outros falam mais do que escutam. Ao ocupar todo o espaço do diálogo com perguntas ou longos relatos das próprias experiências ocupa-se todo o tempo do interlocutor. No final da conversa resta apenas um “currículo falado” e uma oportunidade de relacionamento perdida.

A mágica desse processo, quando feito da maneira correta, é que com pouco tempo de conversa universos completamente diferentes juntam-se e se enriquecem. Networking não é trocar cartão de visitas. É agir de propósito, com propósito, mas espontaneamente, com genuíno interesse na outra pessoa e atenção para as oportunidades de trocar informações, ensinar, aprender, pedir e dar ajuda.

Como usar bem o seu cartão de visita?

Mesmo que a empresa onde você trabalha não forneça um cartão de visita para você, aconselho que tenha o seu próprio. Não é caro e não é necessária muita elaboração. Basta utilizar suas principais informações: nome, telefone, e-mail e especialidade profissional.

Pelo menos duas vezes por mês, coordeno workshops destinados a executivos, onde os incentivo a fortalecerem laços por meio de cafés, almoços e idas a eventos que tenham a ver com os seus propósitos de vida e carreira. Durante as sessões de aconselhamento dos meus assessorados que buscam uma recolocação, também tomo os seus cartões de visita como exemplo e pergunto: o que mais esse instrumento representa? Após a reflexão, a maioria responde: “é um amigo, um conhecido, um contato”, “é uma forma de acesso ao outro”, “pode trazer um convite, uma nova oportunidade”. De fato, é tudo isso e mais algumas COISAS.

O verso do cartão de visita, geralmente vazio, pode servir para você anotar mais informações sobre a pessoa que conheceu. Da mesma forma, se tiver sido assessorado da Lens & Minarelli, visto uma palestra minha, ou lido um dos meus livros, é possível que a outra pessoa faça o mesmo com o cartão que você entregar para ela.

Depois de um evento, uma reunião, uma apresentação entre amigos ou um encontro casual, assim que tiver tempo não se esqueça de anotar no verso do cartão que recebeu o local onde conheceu tal profissional, os seus hobbies, palavras-chave que te ajudem a lembrar de como foi a conversa, pontos em comum entre vocês dois e outras informações que achar relevante. Assim, quando se reencontrarem, poderá usá-las para retomar o assunto anterior, ou simplesmente para quebrar o gelo antes de iniciar a conversa.

Não tome cartões de visita como mera coleção. Lembre-se: Eles são a porta de acesso ao universo de conhecimento, habilidades e relacionamentos. Assim, sempre que precisar, você terá acesso a oportunidades. Mais do que uma técnica, o networking é uma atitude de genuíno interesse pelas pessoas e melhora sua função quando vivenciado como uma postura de vida. O netliving.

O que é Netliving?

Netliving é uma das essências da Lens & Minarelli. É um conjunto de princípios e procedimentos ligados à criação, manutenção e utilização da rede de relacionamentos em todos os assuntos da vida. Não exclusivamente para assuntos profissionais. Enfatizamos a importância da adoção do conceito de “conviver em rede” entre os nossos assessorados. Para nós, o networking é mais do que uma técnica para procurar novos empregos e trabalhos. É um estilo de vida.

Muito mais que uma estratégia para ampliar oportunidades de carreira e negócio ou agilizar a recolocação profissional, o netliving é uma postura diante da vida, pois como humanos somos seres sociais. E, como seres sociais, buscamos constantemente grupos afins. Quando nos aproximamos “verdadeiramente” de uma pessoa, descobrimos afinidades profissionais, de crenças, de origem, de experiências e histórias de vida. As afinidades aproximam as pessoas desde que elas estejam dispostas a cultivar, reciprocamente o relacionamento.

Se você acha que temos histórias de vida em comum e afinidades, me escreva e conecte-se com nossa empresa por meio do LinkedIn, do Twitter e do Facebook. Vamos prosear!

Um abraço
José Augusto Minarelli
minarelli@lensminarelli.com.br

• Imagem via Pixabay.