Transição de Carreira é mais abrangente do que a recolocação, mudança de trabalho ou reciclagem de competências. Requer e promove autoconhecimento.

Três momentos críticos da Transição de Carreira

Mudanças e Transições de Carreira são impostas algumas vezes pelo empregador, outras poucas por nós mesmos e outras vezes por necessidade de ambos. Durante a nossa vida, inúmeros fatores geram as mudanças – de estrutura, papel, empresa ou função, por exemplo – e, consequentemente, as Transições.

É das Transições que desejo falar aqui. Essas devem ser entendidas como processos desencadeados por demandas internas, quando percebemos dinâmicas e movimentos próprios que precisam mudar, ou por exigências da realidade externa que se transforma, que gera novas percepções e requer a revisão do modo antigo de ver e agir.

Independentemente de quem deu início à mudança, como consequência de uma demissão ou da busca de novos horizontes, a Transição de Carreira envolve movimento, separa-ação, prepara-ação e pressupõe três importantes momentos:

O primeiro momento se caracteriza pela dúvida e pela sensação de desconforto, pelo sentimento de que algo está acabando (ou acabado) e que exige mudanças. Há decepção, incerteza e, às vezes, raiva e abalo na autoestima. Sentimentos que precisam ser reconhecidos, digeridos e transformados. É o momento da vivência do Luto pelas perdas que ocorrem na separação. Quanto melhor o profissional consegue vivencia-lo, tanto melhor será o resultado alcançado no segundo momento.

O segundo momento tem início com a formalização de um fim e da separação. Surgem as sensações de desamparo e dúvidas quanto ao que fazer e para onde ir. É um período intenso em que ficamos no escuro, sentimos dor e um enorme vazio. Saudades do passado que se foi e medo do futuro que está por vir. É também um momento de descoberta. Quanto mais o profissional permitir-se desnudar aos seus próprios olhos, melhor será a experiência no terceiro momento, pois entrar em contato com o próprio íntimo permite a ele desenvolver o principal requisito para sair mais evoluído desse processo: o Autoconhecimento.

O conhecimento de si próprio permite que o profissional desenvolva Competência Emocional e lide melhor com os seus sentimentos, angústias e com a realidade externa.

Ao realizarmos essa volta para dentro descobrimos o quanto estávamos alienados, distantes de nós mesmos e retomamos o “Trabalho de Desenharmos o Futuro”. Reencontramos a história que escrevemos até o momento, os nossos sonhos, desejos e projetos por se realizar. Após esse reencontro é que escolhemos para onde ir, com quem e como seguir nossas vidas. Nessa etapa podemos redescobrir a Carreira Interna, a Carreira Externa e buscarmos a Carreira Integrada.

Nesse momento da Transição de Carreira, também encontramos o fio condutor da nossa história profissional. Fazendo a Linha do tempo da vida e carreira, entendendo os Estados de Carreira pelos quais já passamos e o grau de maturidade profissional que atingimos. Finalmente, avaliamos quantos Ciclos de Carreira ainda temos pela frente e ganhamos o autoconhecimento necessário para sermos bem sucedidos no terceiro momento da Transição.

O terceiro momento se caracteriza pelo novo começo, pela exposição ao mercado e busca da nova ocupação com consciência das escolhas feitas e do caminho a seguir. É o momento da ação e ele só pode ser bem vivido se o profissional tiver vivenciado verdadeiramente os dois primeiros momentos da Transição de Carreira. De outro modo, a ação se faz vazia e não há resultado real, apenas uma mudança de trabalho.

Digo sempre que a oportunidade de viver uma Transição de Carreira deve ser muito bem aproveitada. Os resultados costumam ser duradouros, revitalizam o ser humano e permitem a construção de nova equação de vida e carreira. Em geral, o resultado desse processo será composto por mais momentos de felicidade, mais qualidade de vida e, consequentemente, um cotidiano mais leve para o profissional.

Experimente você também! É difícil, mas vale a pena!!

Lens & Minarelli trabalha o programa de Outplacement® baseado no lema “Gente cuidando de Gente”, coerente com o princípio da demissão humanizada.

Fontes:
Giuliése, Mariá. “Desenhando o Futuro – Transições de vida e carreira”.
Rio de Janeiro: Ed. Qualitymark, 2005

Giuliése, Mariá.  “O Jogo da Transição – Sua Carreira em Movimento”.
São Paulo: Ed. Évora, 2011

Sobre a autora:

Mariá Giuliese Psicóloga, mestre em psicanálise e especialista em psicologia clínica e organizacional pela PUC São Paulo. Dedica estudos e atividades profissionais ao acompanhamento de processos de transição pessoal e profissional. Desde 1978 orienta e aconselha executivos e atua como professora e consultora em cursos e projetos de especialização e pós-graduação em universidades e instituições educacionais como PUC, Mackenzie, FEI, FMU, FAAP, UFMS, Mauá, INSPER e Fundação Dom Cabral.