O Futuro do Agronegócio Dependerá de Recursos Humanos

A inteligência humana aplicada ao agronegócio definirá o futuro desse vital setor brasileiro. Saímos de uma agropecuária rústica, exploratória de recursos naturais para uma zona de hightech, onde numa semente de soja, milho ou cebola tem mais tecnologia investida do que em qualquer celular.

Abandonamos um passado de fazendas autossuficientes para uma gestão da complexidade de cadeias produtivas. Em Harvard, no Pós-Guerra, os professores John Davis e Ray Goldberg criavam a visão de agribusiness. A soma total de todos os fatores empregues na produção agropecuária, indo até seu processamento e distribuição.

O futuro dessa gestão de cadeias produtivas pertence a pessoas com capacidade de integração. Não importa se este gestor atua em atividades do antes da porteira, como na geração da ciência e tecnologia; dentro das porteiras, comandando propriedades rurais e produção agropecuária; ou em processos da agroindústria, logística, varejo, serviços da alimentação, energia, fibras e outros derivados do campo.

Estamos na era de uma montadora agrotecnológica de sustentabilidade intensiva. Esse é o novo agro… Uma agrossociedade.

No Circuito Universitário Aprosoja, que palestrei para mais de 2 mil jovens em 12 cidades diferentes pelo Mato Grosso, constatei a mesma coisa: o futuro do agronegócio é totalmente dependente da qualidade dos recursos humanos. Eles existem, não podemos dispersar. Há uma riqueza imensa no Brasil, basta o cidadão brasileiro prestar atenção.

Protagonismo feminino no agronegócio

Recentemente concluímos uma pesquisa para identificar o perfil da mulher empreendedora e gestora do agronegócio. Observamos serem dotadas de uma forte capacidade de comunicação. Realizam um forte diálogo entre si, criando redes no WhatsApp, internet e trocando informações cotidianamente. As mulheres não têm vergonha de dizer o que não sabem, por isso são abertas à tecnologia, inovações e contratam consultorias. Escutam, aprendem, testam e realizam.

Hoje, o maior exemplo de uma inovação no agro nacional é o sistema Integração Lavoura, Pecuária e Floresta (ILPF) e uma mulher é o seu símbolo, a Dona Marize Porto, de Ipameri-GO. De uma dentista se transformou num exemplo de algo que vai transformar a agropecuária brasileira.

Uma das primeiras preocupações das mulheres no agro é a sucessão. São extremamente preocupadas com o preparo das filhas e filhos para a continuidade do negócio. As mulheres também apresentam uma maior sensibilidade para o trato com os empregados nas propriedades rurais, para o bem estar animal, para a sustentabilidade e para o meio ambiente.

Veremos cada vez mais a presença das mulheres no comando do agronegócio, o que irá melhorar o balanço das decisões com proveitos para ambos os gêneros.


Sobre o autor
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* José Luiz Tejon é mestre em Arte, Cultura e Educação pela Universidade Mackenzie, doutorando em Ciências da Educação pela UDE – Universidad de la Empresa/Uruguai (UDE) e especializações em Harvard, MITPace University, Insead. É professor de Pós-graduação em diversas universidades, como a FGV In Company e Audencia Business School – Nantes/França, e sócio diretor da Agência Biomarketing.